terça-feira, 18 de março de 2014

O que a “melhor idade” me ensinou


Me chamo Rodrigo Moco, tenho 23 anos e sou psicólogo formado pela Universidade Católica de Petrópolis. No meu último semestre de faculdade aceitei o desafio de ministrar um curso de informática para idosos. Peguei duas turmas, das quais a aluna mais nova tinha 49 anos e os maios idosos tinham 78.

A esmagadora maioria dos alunos jamais havia tido contato com a ferramenta do computador e dentre os objetivos mais comuns estavam a inclusão digital e a comunicação através da utilização da internet. O início foi desafiador, pois até então já havia trabalhado com crianças, adolescentes e adultos, mas jamais tinha desenvolvido um trabalho específico para a terceira idade.

Recordo que nas primeiras aulas eu brincava com os alunos dizendo: “O nome dessa tela inicial do computador é Área de trabalho, mas é área de trabalho para os jovens que dependem disso pra se sustentar, para vocês é a Área de lazer.” Isso arrancou risadas dos meus bem humorados alunos e foi retomado inúmeras vezes ao longo do curso.
“Há mais alegria em dar que em receber.” (At 20, 35) essa passagem bíblica expressa de forma suscinta e completa a experiência que vivenciei nos curtos 2 meses de duração do curso com os amigos da melhor idade. Digo isso, porque aceitei a proposta de ensinar o básico da informática, mas sem saber aceitava também a proposta de receber um intensivo de gratidão, bom humor, humildade, disponibilidade, simpatia e tantas outras qualidades, que eu ouso resumir em uma só palavra: Sabedoria.
É impressionante observar como o tempo bem vivido pode trazer sabedoria, me arrisco a dizer que tamanha maestria para lidar com a própria vida só pode ser desenvolvida na chamada “terceira idade”. Que nesse texto, eu faço questão de enfatizar como melhor idade. Afinal de contas, na infância e adolescência nós aprendemos, na fase adulta experimentamos, na melhor idade nós simplesmente tiramos a média das escolhas e experiência que fizemos e aproveitamos a vida com o que há de melhor. Vamos celebrar e desejar a melhor idade, e enquanto ela não chega para nós, que aprendamos com a sabedoria deles. Obrigado por tudo, queridos doutores da sabedoria.
Rodrigo Moco é voluntário e colaborador do Lar São João de Deus.

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